REPERCUSSÃO – Quer apagar o fogo? Comece pela lousa – Por: Jari Luiz*

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CACOAL – As queimadas em Rondônia seguem uma dolorosa rotina de destruição. Todo ano, o cenário se repete: fumaça no céu, crianças nos postos de saúde, animais fugindo do fogo, e o Estado fazendo campanha publicitária quando o fogo já tomou conta. É como enxugar gelo com o Sol a pino.

Tratar queimadas apenas com ação pontual em período seco é erro repetido. A propaganda pode alertar, mas não previne.

Campanhas publicitárias são, sim, necessárias. Desde que obedeçam ao princípio da antecedência, tenham caráter permanente e tragam conteúdos criativos, provocativos e eficazes. Não basta anunciar que está queimando — é preciso formar uma nova mentalidade antes do primeiro foco.

A solução está na base: educação ambiental como política pública contínua. Cultura não nasce de decreto. Cultura se constrói — na escola, no quintal, no convívio.

A criança que aprende desde cedo que não se queima lixo, mato ou floresta, cresce consciente. E mais que isso: vira fiscal dentro de casa, corrige os pais, cobra do vizinho, multiplica o saber.

Por isso, é urgente criar iniciativas que envolvam os estudantes. Que tal um concurso permanente de redação sobre queimadas, valendo pontos extras, prêmios, certificados que enriqueçam o currículo?

Isso gera engajamento, estimula a leitura, fortalece a cidadania e transforma a escola em núcleo de resistência contra a cultura do fogo.

Palestras lúdicas, hortas escolares, visitas a áreas de preservação, distribuição de cartilhas ilustradas, gincanas ecológicas. O que não falta é ideia. Só não pode é faltar vontade política de tratar o problema na raiz.

Sim, também é necessário punir e fiscalizar — rigorosamente. Mas sem envolver as escolas, sem fazer da educação o primeiro combate, o Estado seguirá sendo cúmplice de cada cinza que sobe.

As queimadas não são só tragédia ambiental. São atestados de omissão crônica. Só haverá mudança real quando o combate ao fogo começar antes da faísca: na cabeça e no coração do cidadão.

Cultura não nasce de decreto. Cultura se constrói — na escola, no quintal, no convívio
*É marketólogo, publicitário e pedagogo