Ex-presidente da Assembleia denuncia ameaças, perseguição política e vazamento de informações sigilosas

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O ex-presidente da Assembleia Legislativa de Rondônia, Marcelo Cruz (PRTB) protocolou uma denúncia formal junto ao Ministério Público do Estado relatando uma série de episódios que, segundo ele, configuram ameaça à sua integridade física, perseguição política e uso indevido da estrutura do Estado para fins não republicanos. O documento foi endereçado ao Procurador-Geral do MP e classifica os fatos como “gravíssimos e alarmantes”.

A denúncia detalha que, no dia 10 de junho, um delegado de Polícia Civil, identificado como Marcos Correia e atualmente lotado na Casa Civil do Governo do Estado, teria feito contato direto com uma assessora do gabinete do parlamentar. A abordagem, feita por meio de uma mensagem programada para autodestruição, levantou suspeitas. Horas depois, após a assessora redirecionar o contato ao chefe de gabinete, o delegado respondeu apenas com a mensagem: “já resolvido”.

No dia seguinte, uma ligação anônima foi recebida no celular do chefe de gabinete, com o seguinte alerta: “Avise ao deputado Marcelo Cruz para tomar cuidado no aeroporto”. Para o parlamentar, a sequência de eventos indica uma ameaça velada e organizada, possivelmente vinculada a uma tentativa de intimidação ou retaliação institucional.

A denúncia também relata que, dias antes, o deputado teria sido procurado por outro parlamentar da Casa, Ribeiro do Sinpol, que é policial civil de carreira, informando sobre uma suposta operação judicial que estaria pronta para ser executada contra Marcelo Cruz no dia 5 de junho, mas que teria sido suspensa por razões não esclarecidas. A ação teria ligação com acusações internas de “traição institucional” entre membros da Casa Civil.

Em sua manifestação ao MP, o deputado levanta a possibilidade de crimes como violação de sigilo funcional, ameaça, coação, abuso de autoridade e até associação criminosa entre agentes públicos com o objetivo de perseguição política. Ele afirma que a situação cria um ambiente de instabilidade institucional e alerta para o risco de “operações forjadas” com objetivos políticos.

Marcelo Cruz também destaca a substituição repentina do então diretor-geral da Polícia Civil, Samir Fouad Abboid — que estava há 11 anos no cargo — por Jeremias Mendes de Souza, apontado como alinhado politicamente com a Casa Civil. Para o parlamentar, a troca rápida na chefia da corporação, ocorrida em 5 de junho, reforça o clima de tensão e ingerência política sobre órgãos de segurança pública.

O deputado solicita ao Ministério Público que instaure sindicância para apurar o caso e requer medida cautelar de busca e apreensão do celular funcional e pessoal do delegado Marcos Correia, por considerar o aparelho peça-chave na preservação de possíveis provas. Também pede que o Tribunal de Justiça informe sobre a existência de eventuais medidas sigilosas envolvendo seu nome, para investigar se houve vazamento ilegal de informações.

Ao final Marcelo Cruz declara que sua iniciativa não busca obstruir investigações legítimas, mas garantir a legalidade e a normalidade democrática. Ele afirma que os episódios não podem ser tratados como casos isolados, mas como indícios de um “modus operandi institucionalmente volátil e politizado”.

A denúncia foi acompanhada de anexos que comprovam a atuação do delegado Marcos Correia na Casa Civil. Até o momento, não houve manifestação pública do Governo do Estado sobre os fatos relatados.

Por Rondoniaagora