Terça-feira, Maio 20, 2025
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Reação tardia, mas necessária: Rondônia se mobiliza contra termos da privatização da BR-364

A luta agora é por justiça e respeito. Uma rodovia segura, economicamente viável e que atenda às reais necessidades dos rondonienses não pode ser um luxo – é um direito.

Porto Velho (RO) – A mobilização começou. Mesmo após a assinatura do contrato de concessão da BR-364, no trecho entre Vilhena e Porto Velho, a bancada federal de Rondônia se articula para rediscutir pontos críticos do projeto. A concessão, que já está formalizada, prevê a duplicação de apenas 100 quilômetros da chamada “Rodovia da Morte” e a instalação de sete praças de pedágio ao longo dos cerca de 700 quilômetros de extensão. A cobrança prevista está entre as mais caras do país, o que pode inviabilizar o transporte de cargas – setor vital para a economia do estado.

A indignação explodiu após o anúncio do Ministério dos Transportes de que duas audiências públicas foram realizadas previamente em Porto Velho e Vilhena. No entanto, ambas ocorreram com divulgação mínima, publicada apenas no Diário Oficial da União – um canal pouco acessado pela população em geral. A falta de transparência impediu a mobilização popular, resultando em baixa participação e nenhuma contestação real ao projeto apresentado pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).

Com os detalhes agora públicos, a reação veio forte. A bancada federal, com exceção do senador Confúcio Moura – que defende o projeto atual –, se uniu contra os termos da concessão. Os senadores Marcos Rogério (presidente da Comissão de Infraestrutura do Senado) e Jaime Bagattoli lideram a movimentação, acompanhados por todos os oito deputados federais de Rondônia.

Nesta segunda-feira, 19 de maio, duas novas audiências públicas serão realizadas, desta vez amplamente divulgadas. Os encontros acontecerão em Ji-Paraná pela manhã e em Vilhena à tarde. A expectativa é de que lideranças políticas, empresariais e a população compareçam em massa para exigir mudanças no contrato.

Os parlamentares não propõem a anulação da concessão, mas sim alterações substanciais no conteúdo do contrato. Entre as principais reivindicações estão:

  • duplicação integral do trecho concedido da BR-364, garantindo mais segurança e fluidez no tráfego;
  • redução dos valores dos pedágios, tornando-os viáveis para transportadores, especialmente os de cargas pesadas;
  • E uma reavaliação dos critérios de audiência pública, para que futuras decisões de grande impacto regional sejam feitas com ampla participação popular.

Se mantido como está, um caminhão de grande porte poderia desembolsar mais de R$ 2 mil para um único trajeto de ida e volta entre Vilhena e Porto Velho. Um custo considerado absurdo pelos setores produtivos e logísticos do estado.

O sentimento de traição por parte da população é claro. A percepção é de que Rondônia foi colocada à margem do processo decisório. Agora, resta saber se a mobilização popular e política conseguirá reverter ou ao menos mitigar os danos de um contrato já assinado.

A luta agora é por justiça e respeito. Uma rodovia segura, economicamente viável e que atenda às reais necessidades dos rondonienses não pode ser um luxo – é um direito.

Fonte: JH notícias

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