Brasil – Um casal morreu no mesmo dia após sete décadas de união, em Votuporanga, no interior de São Paulo. Odileta Pansani de Haro e Paschoal de Haro partiram com dez horas de diferença, no dia 17 de abril, a dois dias de completar 74 anos de matrimônio.

Odileta nasceu em Mirassol, enquanto Paschoal era de Bálsamo, cidade vizinha a cerca de 14 quilômetros de distância. Mas, a história de amor, que atravessou décadas, começou na praça da Matriz em Votuporanga, quando ela tinha 15 anos e ele, 18, como conta o genro Luciano Leal.

Ainda conforme Luciano, o que eles não esperavam é que uma correntinha seria o cupido do relacionamento. Na época, Paschoal se entretinha rodando a corrente, quando, por um descuido, ela se desprendeu e caiu no braço de Odileta. Com a troca de olhares e risadas, nasceu a paixão do casal. Desde então, conversas por cartas tornaram-se testemunhas do namoro. Na primeira carta, datada de 3 de dezembro de 1947, Paschoal escreveu: “Desejaria viver ao teu lado, adivinhar os teus desejos, fazer-te feliz porque só assim eu seria feliz também. Acredito que jamais pensarei em outra mulher. Mesmo que viva mil anos me lembrarei de ti e dos momentos felizes que passei ao teu lado.”

Em outra, datada de 12 de julho de 1949, Odileta escreveu para Paschoal e o chamou de “meu anjo”: “No domingo saí, eram sete horas, e voltei às oito. E quinta, estava tão chato sem você. De você não me esqueci e nem hei de esquecer”. Veja as cartas abaixo.
Almas gêmeas
Odileta e Paschoal se casaram em 15 de abril de 1951, na fazenda dos pais dela, em Votuporanga — data em que ele completava 20 anos. Da união nasceram seis filhos, netos e bisnetos. Enquanto ela cuidava da casa, ele trabalhava em uma loja de tecidos. Juntos, também fundaram uma entidade para ajudar moradores em situação de vulnerabilidade, distribuindo enxovais e alimentos.
Segundo o genro Luciano, o casal era sinônimo de acolhimento e solidariedade, sem distinções. “Sempre amorosos, receptivos, dedicaram o amor que tinham um pelo outro para ajudar o próximo”, recorda. Para ele, Odileta e Paschoal são a prova de que almas gêmeas existem: “Se reencontraram nesta vida, se apaixonaram e formaram uma família. É uma honra fazer parte disso.”
O dia 15 de abril marcou não só o casamento, mas também o nascimento da primeira neta e da primeira bisneta do casal, Camila e Athena. Após décadas de vida compartilhada, Odileta desenvolveu Alzheimer e foi cuidada por Paschoal, até que ele descobriu um câncer em 2023. Com tratamento paliativo, passou a pedir a Deus para que partissem juntos.
Odileta faleceu aos 92 anos, às 7h do dia 17 de abril. Paschoal morreu às 17h do mesmo dia, aos 94. Dois dias antes, celebraram os 74 anos de casamento com a família. “Essa paixão digna de filme cumpriu o que sempre disseram: partiriam juntos. Deixaram um legado eterno de amor”, conclui o genro.
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Por: Oliveira CM7