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Polícia teme explosão de crimes com pacto entre CV e Comboio do Cão

Investigações apontam que as facções têm planejado uma alinaça com o intuito de dominar cidades e o Entorno do Distrito Federal

Ansia por poder, território e dinheiro. Esses são apenas alguns dos pilares que fizeram com que lideranças do Comando Vermelho (CV) e do Comboio do Cão (CDC) passassem a articular uma possível aliança no território brasiliense entre as duas facções criminosas.

A movimentação, no entanto, preocupa as forças de segurança que, na tentativa de impedir uma possível explosão de crimes em decorrência da união, deflagrou uma operação na manhã dessa terça-feira (6/5), que resultou no cumprimento de 30 mandados de prisão.

Segundo a polícia, as articulações entre as facções carioca e brasiliense visam, sobretudo, maior domínio de território e fortalecimento do poder na região.

À coluna, o especialista em segurança pública Leonardo Sant’Anna alertou que a movimentação que sugere concórdia entre as facções criminosa é, sim, motivo sólido para preocupações.

“Antes, víamos apenas disputas pela questão territorial, uma vez que isso gera dinheiro às facções, que, dessa forma, conquistam mais recursos para investir no tráfico de drogas e armas, por exemplo. Essa união, no entanto, potencializa a chamada economia do crime”

O especialista exemplificou que organizações criminosas firmaram alianças em diversos continentes e isso intensificou e expandiu a atuação dos malfeitores nesses países.

“Isso ocorreu no México, na Guatemala, em El Salvador e na Espanha e Itália. Em todos os pontos em que essas alianças foram xonsolifadas, houve crescimento dos crimes”, analisou.

A polícia alertou que a temerosa união dos grupos, caso plenamente concretizada, pode implicar no aumento de crimes violentos, do tráfico de drogas e de demais condutas correlatas, inclusive, relacionadas à lavagem de dinheiro.

Efeito dominó

Sant’Anna declarou que o firmamento de parcerias funciona como uma das melhores ferramentas para avanços no universo de violência.

“A partir disso, há maior condição de alimentar os mais diversos subsídios. Funciona como um efeito dominó, que tem como resultado muito mais dinheiro e financiamento ao crime. Assim, aos poucos, as ações criminosas vão aumentando de nível e passamos a presenciar roubos a banco, roubos de carga de caixas eletrônicos, entre outros.”

De acordo com o especialista, com a conquista de capital, os faccionados se abastecem com possibilidades para explorar o mundo do crime digital.

“Com a possibilidade acessar a deep web, crimes como tráfico de drogas e de armas e até tráfico humano são viabilizados”, disse.

Tentativa de alianças

O Comando Vermelho (CV) surgiu em 1979, no presídio da Ilha Grande (RJ). É considerado a maior do Rio e uma das maiores organizações criminosas do Brasil. Já o Comboio do Cão nasceu no Recanto das Emas, no Distrito Federal.

Em seus históricos, as duas facções têm em comum a autoria de crimes sanguinários, cometidos com extrema violência, na maioria das vezes relacionados ao tráfico de drogas.

Anteriormente, o Comboio do Cão já havia tentado firmar aliança com outras facções, a exemplo do Primeiro Comando da Capital (PCC), facção que domna o território paulista. As tratativas, no entanto, não tiveram êxito.

A operação

A operação deflagrada nessa terça-feira (6) foi conduzida pela Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (Ficco-DF).

A Operação Akainku, nome que remete à lenda chinesa e significa o filho do cão vermelho, cumpriu 30 mandados de prisão preventiva em regiões administrativas do DF e em em celas de unidades prisionais do Complexo Penitenciário da Papuda. Foi cumprida, ainda, uma medida cautelar diversa da prisão em desfavor de uma advogada.

No momento da prisão, um dos alvos das medidas judiciais foi surpreendido de posse de um bloqueador de sinal GPS. Uma das investigadas segue foragida.

As investigações são um desdobramento da Operação Fragmento II e possuem por objeto a desarticulação de núcleos de organização criminosa com atuação dentro e fora do sistema prisional, em especial de suas lideranças, que buscavam fortalecer uma aliança entre facções para dominar a região do Distrito Federal e cidades do entorno.

As apurações e a deflagração da fase ostensiva contam com o apoio da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), da Polícia Penal do Distrito Federal e do Núcleo de Controle e Fiscalização do Sistema Prisional do Ministério Público do DF e Territórios.

A Ficco é composta pela PF, Senappen, PPDF, PMDF e PCDF. O objetivo é a integração e cooperação entre os órgãos de segurança pública em ações de prevenção e repressão ao crime organizado e à criminalidade, especialmente, grave e violenta.

Fonte: Leticia Guedes / Metópoles



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