Cuiabá – A Polícia Civil de Mato Grosso deflagrou a Operação Perfídia para investigar um suposto esquema de corrupção envolvendo vereadores da Câmara Municipal de Cuiabá. Os parlamentares Sargento Joelson (PSB) e Chico 2000 (PL) foram afastados do cargo por decisão da juíza Edna Erdeli Coutinho, do Núcleo de Inquéritos Policiais (Nipo), após surgirem indícios de que ambos teriam recebido R$ 250 mil em propina para facilitar interesses de uma construtora.
Segundo a Delegacia Especializada de Combate à Corrupção (Deccor), os valores teriam sido pagos pela empresa HB20 Construções Eireli, responsável pelas obras do Contorno Leste — empreendimento orçado em R$ 125 milhões. A contrapartida dos vereadores teria sido a aprovação de um projeto de lei que permitiu o parcelamento de dívidas do município com a União. Essa medida, na prática, viabilizou o pagamento de R$ 4,85 milhões à construtora.
Parte da propina, no valor de R$ 150 mil, foi repassada via Pix a uma conta bancária indicada por Sargento Joelson. Já os outros R$ 100 mil teriam sido entregues em espécie dentro do gabinete de um dos parlamentares, na própria sede da Câmara de Cuiabá.

A investigação conta com áudios e mensagens trocadas via WhatsApp entre o funcionário da HB20, João Jorge Souza Catalan Mesquita, e os vereadores. Nos diálogos, ele teria negociado diretamente os pagamentos e, ao ser ouvido pelos investigadores, confirmou as transações e apresentou os registros como prova.
Além dos dois parlamentares, também foram alvos da operação dois funcionários e um sócio da HB20 Construções. A Justiça determinou o bloqueio de bens, sequestro de valores e a quebra dos sigilos telefônico e eletrônico dos envolvidos. Eles também estão proibidos de frequentar o canteiro de obras do Contorno Leste, de entrar na Câmara Municipal e de manter contato entre si, com testemunhas e com servidores públicos ligados ao caso.
A Câmara Municipal de Cuiabá, por meio de nota, afirmou estar colaborando com as investigações e reforçou o compromisso com a transparência e a legalidade. Já os parlamentares acusados ainda não se manifestaram publicamente sobre o afastamento e as denúncias.
A Operação Perfídia segue em curso e deve resultar em novos desdobramentos nos próximos dias. O caso reforça o clima de tensão política na capital e levanta questionamentos sobre a conduta de agentes públicos em processos legislativos que envolvem altos valores e interesses empresariais.